quarta-feira, 10 de outubro de 2012

"A Civilização do Espetáculo"


     Mario Vargas Llosa retrata a sociedade atual como a sociedade do espetáculo, da frivolidade e da banalização, retrato a que não escapa a cultura, a qual, em lugar de responder às grandes questões que "perseguem" a humanidade, contribui fortemente para este panorama pelo facto de privilegiar essencialmente a feição lúdica da produção artística e cultural.
     Neste contexto, o escritor critica a falta de ação dos intelectuais, principalmente os literatos, por já não acreditarem que a Literatura seja uma "arma" de denúncia e discussão das grandes questões do seu tempo.
     Em suma, A Civilização do Espetáculo debruça-se sobre esta temática, sobre o papel do escritor nos dias de hoje, sobre a omissão dos intelectuais e a banalização da cultura.

"Pequeno poema"

          Quando eu nasci,
          ficou tudo como estava.

          Nem homens cortaram veias,
          nem o Sol escureceu,
          nem houve Estrelas a mais...
          Somente,
          esquecida das dores,
          a minha Mãe sorriu e agradeceu.

          Quando eu nasci,
          não houve nada de novo
          senão eu.

          As nuvens não se espantaram,
          não enlouqueceu ninguém...

          P'ra que o dia fosse enorme,
          bastava
          toda a ternura que olhava
          nos olhos de minha Mãe...

                                            Sebastião da Gama