Este blog pertence à BE/CRE do Agrupamento de Escolas de Figueira de Castelo Rodrigo...
quarta-feira, 9 de julho de 2025
Clube de Leitura
segunda-feira, 7 de julho de 2025
Concurso Uma Aventura Literária
quinta-feira, 3 de julho de 2025
Exposição

Pai Leitor do 2.º A
Para finalizar o presente ano letivo, um pai de uma aluna do 2.º A veio deliciar a turma com a leitura de mais um livro, intitulado Wish: o Poder dos Desejos, da Disney.
Como é que a estrela dos desejos, a quem tantas personagens da Disney enviaram desejos, se torna realidade?
Imagina um lugar onde os sonhos se tornam realidade. No reino mágico de Rosas, isso é possível .Lá vive Asha, uma jovem preocupada com a sua comunidade.
Um dia, num momento de desespero, pede um desejo às estrelas. O seu pedido é atendido por Estrela, que desce do céu para a ajudar a salvar o Reino dos Desejos.
Acompanha Asha e Estrela nesta fantástica aventura e descobre o que acontece quando a vontade de um ser humano corajoso se liga à magia das estrelas.
Ler em Família
No âmbito do projeto Ler em Família, nas turmas do 1.º e 2.º anos, durante o ano letivo, circularam livros que a professora bibliotecária selecionou do fundo documental disponibilizado pela biblioteca e que levou para as salas de aula.
A troca das obras foi feita, nesse espaço, pela
professora bibliotecária, e a leitura das mesmas foi efetuada em família. Neste
período, as famílias também colaboraram na realização de algumas atividades que
complementaram a atividade de leitura.
quarta-feira, 11 de junho de 2025
🎬 Amor de Recriação: 200 Anos de Camilo Castelo Branco pelo 12.º AB
No âmbito das comemorações deste marcante aniversário, a turma do 12.º AB desenvolveu um projeto criativo e literário de grande relevo: a produção de um filme reinterpretativo da sua obra mais emblemática, Amor de Perdição. Esta iniciativa foi realizada sob a orientação da professora de Português, Ascensão Pires, que coordenou com dedicação e entusiasmo o trabalho da turma.
O filme, concebido e protagonizado pelos próprios alunos, representa uma abordagem contemporânea e pessoal à novela camiliana, evidenciando não só o conhecimento profundo da narrativa original, mas também a capacidade criativa e interpretativa dos estudantes envolvidos.
A produção encontra-se disponível para visualização através do vídeo partilhado.
Deixamos uma sentida vénia à realizadora, aos guionistas e a todo o elenco, cujo empenho e talento deram nova vida a uma obra-prima da literatura nacional.
terça-feira, 10 de junho de 2025
Anaísa Palmeirão vence o Concurso sobre Camões!
segunda-feira, 9 de junho de 2025
Ângelo Patrício: 2.º classificado no Concurso 500 Anos do Nascimento de Camões
Camões vivo nas mãos dos nossos alunos

O dia em que a mata ardeu
Era uma vez a família Bisnau, que resolveu fazer um piquenique numa mata. 🌳🐦 Porém, infelizmente, não foram cuidadosos com a natureza. De facto, durante o piquenique a família comportou-se de forma negligente: deixou o lixo espalhado pelo chão e o pai Bisnau adormeceu com um cigarro aceso, dando origem a um incêncio na mata. 😮🔥
Por sorte, um passarinho que estava nas proximidades viu o fumo e chamou rapidamente os bombeiros, que conseguiram extinguir o fogo, salvando parte da mata.
Agora que já lemos esta história, que nos faz refletir sobre a importância de respeitarmos a natureza 💚🌿 , vamos fazer algumas atividades:
. Quiz.

quarta-feira, 4 de junho de 2025
Projeto Escola a Ler
Pré-escolar
Agora que lemos e explorámos a história d' A Cigarra e da Formiga, escrita por Esopo e recontada por La Fontaine, diverte-te a resolver estas atividades:domingo, 1 de junho de 2025
Concurso de palavras cruzadas
No passado dia 27 de maio, teve lugar, no Auditório Municipal de Cinfães, a 𝐅𝐢𝐧𝐚𝐥 𝐍𝐚𝐜𝐢𝐨𝐧𝐚𝐥 𝐝𝐨 𝐂𝐨𝐧𝐜𝐮𝐫𝐬𝐨 𝐝𝐞 𝐏𝐚𝐥𝐚𝐯𝐫𝐚𝐬 𝐂𝐫𝐮𝐳𝐚𝐝𝐚𝐬, com o renomeado cruciverbalista 𝐏𝐚𝐮𝐥𝐨 𝐅𝐫𝐞𝐢𝐱𝐢𝐧𝐡𝐨. A iniciativa foi organizada pelos professores bibliotecários das sub-regiões do Douro, Tâmega e Sousa, com o apoio da Rede de Bibliotecas Escolares, e reuniu 𝟕𝟎 𝐚𝐥𝐮𝐧𝐨𝐬 𝐟𝐢𝐧𝐚𝐥𝐢𝐬𝐭𝐚𝐬 𝐝𝐞 𝟑𝟕 𝐞𝐬𝐜𝐨𝐥𝐚𝐬, 𝐝𝐞 𝐧𝐨𝐫𝐭𝐞 𝐚 𝐬𝐮𝐥 𝐝𝐨 𝐩𝐚í𝐬.
A tarde contou ainda com um momento cultural a cargo do Curso Instrumentista de Sopro e Percussão da Escola Secundária de Cinfães, sob a direção do professor Daniel Pinto. Participaram nessa final os alunos Íris Lourenço e José Nunes, que representaram, o terceiro cico e o ensino secundário, respetivamente, tendo o segundo ficado no 3.º lugar do escalão que representava.
sábado, 31 de maio de 2025
Mãe leitora do 1.º A
A sala de aula da turma A do 1.º ano recebeu a visita da mãe de uma aluna, que partilhou com a classe a leitura do livro Cor de Pele, da autoria de Desirée Bela-Lobedde - uma história poderosa que nos convida a refletir sobre as nossas semelhanças e diferenças e procura que as crianças aprendam a ser tolerantes e a respeitar a diferença.
O primeiro dia de escola chegou, e dentro do estojo... reina a animação! Todos os lápis estão radiantes: finalmente vão sair da caixa para dar cor aos desenhos das crianças! ✏️💛💙❤️ A Cor Amarela pintará o sol de verão, o Azul, o mar e as ondas, enquanto o Vermelho mal pode esperar para pintar um carro muito veloz... E a Cor da Pele? 🤔
Nesta cativante história, os mais pequenos aprenderão que não há apenas uma cor de pele - há mil e um tons de pele e existem tantas cores quanto as realidades. A história convida os alunos a abraçar a diversidade, a respeitar as diferenças e a celebrar a igualdade com olhos curiosos e corações abertos. 🎨👧🏽🧒🏻👦🏾
Desirée Bela-Lobedde é uma escritora e comunicadora espanhola, com raízes africanas e origem guineense-equatoriana. Reconhecida pela sua atuação como ativista antirracista e afrofeminista, desenvolve um trabalho multifacetado que inclui palestras, workshops e apresentações presenciais. Uma das suas obras mais conhecidas é Ser mujer negra en España.

Dia do Autor Português: António Moreira na BE
Para assinalar o Dia do Autor Português, a biblioteca escolar, em estreita colaboração com o Departamento de Línguas, promoveu encontros especiais com as palavras e os afetos que elas despertam. O convidado foi o professor António Moreira, docente do Agrupamento e autor nas horas em que o silêncio e os pedais permitem que a memória e a imaginação se entrelacem.
Com várias obras publicadas, onde retrata com sensibilidade e autenticidade as suas vivências raianas, António Moreira, durante as sessões, partilhou o seu percurso literário, falou das raízes que o inspiram e leu um dos seus contos, que ganhou vida ao ser dramatizado pelos alunos.
No final, os participantes dispuseram ainda de espaço para colocar questões e descobrir os segredos do processo criativo, num momento de verdadeira partilha entre quem escreve e quem sonha, talvez um dia, também escrever.

segunda-feira, 26 de maio de 2025
Mãe leitora do 2.ºA
Uma mãe da turma A do 2.º ano presenteou os alunos com a leitura do livro A Girafa Pitosga, da autoria de A. H. Benjamin.
A protagonista da história - uma girafa - simboliza aquelas pessoas que encontram inúmeras desculpas para não usarem óculos. Porém, apesar de toda a resistência inicial, acaba por reconhecer a importância dos óculos para conseguir realizar as suas atividades do dia a dia com normalidade.
A. H. Benjamin é o autor de diversos livros infantis aclamados no Reino Unido, onde reside na companhia da sua esposa. Pai de quatro filhos e avô de quato netos, ele sabe perfeitamente o que é necessário para contar uma boa história.
Se tiveres curiosidade em conhecer a história em pormenor, além de poderes comprar o livro, podes visualizá-la no YouTube: A Girafa Pitosga.

quinta-feira, 22 de maio de 2025
Projeto Ler Para Crescer
As partidas do Sebastião
Agora que explorámos o livro, vamos resolver atividades bem divertidas!
1.º ano
* Jogo de memória: https://www.educaplay.com/game/9319227-partidas_de_sebastiao.html
*Ordenação das sequências narrativas: https://learningapps.org/view25364625
* Jogo da forca: https://learningapps.org/watch?v=pr46jwsva22
*Escrita de palavras e frases: https://www.educaplay.com/learning-resources/11918593-as_partidas_de_sebastiao.html
2.º, 3.º e 4.º anos
*Ordenação de Sequência narrativas: https://learningapps.org/view25349500
*Quiz: https://forms.gle/BHqMs88cj6LmATHB8
*Sopa de letras: https://www.educaplay.com/game/9308191-as_partidas_de_sebastiao.html
* Crucigrama: https://www.educaplay.com/game/9319321-as_partidas_do_sebastiao.html
*Estudo do Meio: animais

quarta-feira, 21 de maio de 2025
O Tesouro
🌹 25 de Abril – Dia da Liberdade 🌟
Para assinalar esta data tão significativa na História portuguesa contemporânea, a biblioteca da EB2 📚 dinamizou uma atividade destinada a ocupar de forma educativa os tempos livres dos alunos.
Assim, foi lido e explorado o livro O Tesouro, de Manuel António Pina, que os conduziu numa viagem ao passado, até à época em que Portugal vivia sob uma ditadura.
Na obra, Portugal é retratado como o "país das Pessoas Tristes", onde, em tempos, existiu um tesouro precioso que foi roubado tanto a crianças como a adultos: a liberdade. 🕊️ Até que, um dia, o povo se uniu e encheu as ruas de cravos vermelhos 🌹🌹 , recuperando a alegria e dando vida a um novo país chamado... Portugal.
«Porque esta história não é uma história inventada. É uma história verdadeira», recorda-nos o autor, deixando um apelo sentido para guardemos o tesouro do 25 de Abril bem fundo no nosso coração. Manuel António Pina foi um escritor e jornalista português, nascido no Sabugal em 1943 e falecido no Porto, em 2012, galardoado com o Prémio Camões um anos antes do seu passamento.
A obra foi igualmente trabalhada na sala do 1.º A, onde os alunos realizaram diversos trabalhos de expressão plástica inspirados na história.

Mãe leitora do 2.º A
A promoção de hábitos de leitura é fundamental para o futuro dos nossos jovens e das nossas crianças.
Tendo este princípio em mente, mais uma vez, a sala da turma A do 2.º ano recebeu uma visita muito especial, à semelhança do que sucedeu ao longo de todo o ano letivo com outros(as) pais / mães, outros alunos e outras turmas. Uma progenitora voluntária juntou-se à classe da sua educanda para partilhar um momento de leitura pleno de significado. 💛
Desta vez, o livro selecionado foi O Coelho que Sabia Ouvir, de Cori Doerrfeld, que narra uma história tocante que nos fala sobre questões como a empatia, o valor de um abraço e a força do silêncio nos momentos em que as palavras não bastam. 🐇🤗
O coelho chegou. E tudo o que o animal fez foi ouvir, exatamente aquilo de que o Tito precisava: alguém que o escutasse, que partilhasse consigo um abraço, um simples abraço que possuísse mais força do que mil palavras. O Coelho que Sabia Ouvir é um livro doce e encantador que transmite uma mensagem relevante nos dias apressados que se vivem: a capacidade de ouvir os outros, especialmente os mais pequenos, tantas vezes ignorados por causa da sua tenra idade.
Os alunos mergulharam na narrativa com entusiasmo, refletindo sobre os sentimentos das personagens com carinho e atenção. Iniciativas como esta reforçam a importância da colaboração entre escola e família, promovendo não só o gosto pela leitura, como também o desenvolvimento emocional das nossas crianças.

segunda-feira, 19 de maio de 2025
Projeto ler Para Crescer

segunda-feira, 12 de maio de 2025
A ovelhinha que veio para o jantar
Projeto Escola a ler
Leitura Orientada
2.º ano
Agora que lemos e exploramos o livro, vamos divertir-nos a resolver as seguintes atividades:
O beijo da palavrinha: atividades
O Beijo da Palavrinha

segunda-feira, 5 de maio de 2025
Um olhar sobre Camões
Luís Vaz de Camões terá nascido em 1524. Até 2026 celebram-se os quinhentos anos do seu nascimento, assinalados por diversas iniciativas e atividades.
Está em exibição, no espaçao da biblioteca, uma exposição poética muito especial, com poemas de vários autores que homenageiam e reinterpretam a figura inesquecível do escritor que nos ensinou que Amor é um fogo que arde sem se ver. 🇵🇹🖋️
Trata-se de uma oportunidade única para mergulhar no legado camoniano através de diferentes olhares e estilos poéticos
📚✨ Camões Inspira! ✨📜
terça-feira, 22 de abril de 2025
Excerto de A Cidade e os Cães, de Mario Vargas Llosa
O Escravo estava só e descia a escadaria do rancho para o
descampado quando duas tenazes seguraram os seus braços e uma voz murmurou
junto ao seu ouvido: “Vem connosco, cão.” Ele sorriu e seguiu-os docilmente. Ao
redor, muitos dos companheiros que tinha conhecido pela manhã eram abordados e
arrastados pela relva rumo aos alojamentos do quarto ano. Nesse dia não houve
aula. Os cães ficaram nas mãos dos cadetes do quarto ano do almoço até o
jantar, umas oito horas. O Escravo não lembra a que seção foi levado, nem por
quem. Mas o alojamento estava cheio de fumaça e uniformes, ouviam-se risadas e
gritos. Mal cruzou a soleira, ainda com o sorriso nos lábios, sentiu um golpe
nas costas. Caiu ao chão, girou sobre si mesmo, ficou estendido ali, de boca
para cima. Tratou de se levantar, mas não conseguiu: um pé instalara-se sobre o
seu estômago. Dez rostos indiferentes contemplavam-no como um inseto; não
deixavam que visse o teto. Uma voz disse:
— Para começar, cante cem vezes “eu sou um cão” em ritmo de
corrido mexicano.
Não conseguiu; estava atónito, os olhos fora das órbitas. A
garganta ardia. O pé pressionou ligeiramente o estômago.
— Não quer — disse a voz. — O cão não quer cantar.
E então os rostos abriram as bocas e cuspiram nele, não uma,
mas muitas vezes, até que teve de fechar os olhos. Quando terminou a saraivada,
a mesma voz anónima, que girava como um torno, repetiu:
— Canta cem vezes “eu sou um cão” em ritmo decorrido
mexicano.
Desta vez, obedeceu, e a sua garganta entoou roucamente a
frase sobre a melodia de Allá en el rancho grande; era difícil:
despojada da letra original, a música por vezes transformava-se em guinchos.
Mas isso não parecia incomodá-los; escutavam atentamente.
— Basta — disse a voz. — Agora em ritmo de bolero.
Depois cantou com melodias de mambo e de valsa criolla.
Por fim, ordenaram:
— Em pé.
Levantou-se e passou a mão no rosto. Limpou-a no fundilho. A
voz perguntou:
— Alguém mandou limpar o focinho? Não, ninguém mandou.
As bocas voltaram a abrir-se e ele fechou os olhos
automaticamente, até que aquilo terminou. A voz disse:
— Esses dois ao teu lado são dois cadetes, cão. Sentido!
Assim, muito bem. Esses dois cadetes fizeram uma aposta e tu vais ser o juiz.
O da direita bateu primeiro e o Escravo sentiu queimar o
antebraço. O da esquerda bateu quase ao mesmo tempo.
— Muito bem — disse a voz. — Qual bateu mais forte?
— O da esquerda.
— Ah, é? — replicou outra voz. — Quer dizer que eu sou um
fracote? Vamos ver, vamos repetir, repara bem.
O Escravo cambaleou com o impacto, mas não chegou a cair: as
mãos dos cadetes que o rodeavam seguraram-no e devolveram-no ao seu lugar.
— E agora, o que achaste? Quem bate mais forte?
— Os dois batem igual.
— Quer dizer que ficaram na mesma — precisou a voz.
— Vão ter que desempatar.
Um momento depois, a voz incansável perguntou:
— A propósito, cão. Os braços estão a doer?
— Não — disse o Escravo.
Era verdade; perdera a noção do corpo e do tempo. O seu
espírito contemplava embriagado o mar sem ondas de Puerto Eten e escutava a
mãe, que lhe dizia: “Cuidado com as arraias, Ricardito”, e estendia para ele os
seus longos braços protetores sob o sol implacável.
— Mentira — disse a voz. — Se não doem, estás a chorar por
quê, cão?
Ele pensou: “Já acabaram.” Mas eles mal tinham começado.
— Tu és um cão ou um ser humano?
— Um cão, meu cadete.
— Então o que estás a fazer em pé? Os cães andam sobre as
quatro patas.
Ele inclinou-se; ao firmar as mãos no chão, surgiu a
ardência nos braços, muito intensa. Os seus olhos descobriram junto a ele outro
menino, também de quatro.
— Muito bem — disse a voz. — E o que fazem os cães quando se
encontram na rua? Responde, cadete, estou a falar contigo.
O Escravo levou um pontapé no traseiro e respondeu de
imediato:
— Não sei, meu cadete.
— Eles lutam — disse a voz. — Latem e enroscam-se. E mordem-se.
O Escravo não se lembra da cara do menino que foi batizado
juntamente com ele. Devia ser de uma das últimas seções, porque era baixinho.
Estava com o rosto desfigurado pelo medo e, assim que a voz se calou, avançou
contra ele, latindo e babando; o Escravo sentiu no ombro uma mordida de cão
enraivecido; todo o seu corpo reagiu, e enquanto latia e mordia, tinha a certeza
de que a sua pele se cobrira de um pelo duro, que a sua boca era um focinho
pontiagudo e que, sobre o dorso, o seu rabo estalava como um chicote.
— Basta — disse a voz. — Ganhaste. Mas o pequenote
trapaceou. Não é cão, é cadela. E sabem o que acontece quando um cão e uma
cadela se encontram na rua?
— Não, meu cadete.
— Eles lambem-se. Primeiro cheiram-se com carinho, depois lambem-se.
E então tiraram-no do alojamento e levaram-no para o
estádio, e não conseguia lembrar-se se ainda era dia ou se já caíra a noite.
Ali o despiram, e a voz mandou que nadassem de costas pela pista de atletismo
ao redor do campo de futebol. Depois, trouxeram-no de volta para um alojamento
de quarto ano, e fez muitas camas e cantou e dançou em cima de um armário,
imitou artistas de cinema, lustrou vários pares de coturnos, varreu uma lajota
com a língua, fornicou com uma almofada, bebeu urina, mas tudo isso era uma
vertigem febril e logo ele estava na sua secção, deitado na cama, pensando:
“Juro que vou fugir. Amanhã mesmo.” O alojamento estava silencioso. Os meninos olhavam-se
uns aos outros e, apesar de terem sido sovados, cuspidos, pintados e mijados,
mostravam-se graves e cerimoniosos. Nessa mesma noite, depois do toque de
recolher, nasceu o Círculo.
Estavam deitados, mas ninguém dormia. O corneteiro acabara
de sair do pátio. Imediatamente, uma silhueta destacou-se de uma das camas,
cruzou o alojamento e entrou na casa de banho: os batentes ficaram a oscilar.
Pouco depois ressoavam os estertores e o vómito ruidoso, espetacular. Quase
todos pularam das camas e correram para a casa de banho, descalços: alto e
esquálido, Vallano estava no meio do recinto amarelento, passando a mão sobre o
estômago. Não se aproximaram, ficaram a examinar o negro de rosto congestionado
enquanto vomitava. Por fim, Vallano aproximou-se da pia e enxaguou a boca.
Então começaram a falar com uma agitação extraordinária e desordenada,
maldizendo os cadetes de quarto ano com os piores palavrões.
— Não pode ficar assim. Temos que fazer alguma coisa — disse
Arróspide. O rosto branco destacava-se entre os meninos de rostos angulosos,
cor de cobre. Estava furioso e vibrava o punho fechado no ar.
— Vamos chamar esse tal de Jaguar — propôs Cava.
Era a primeira vez que ouviam o nome. “Quem?”, perguntaram
alguns; “é da secção?”
— É, sim — disse Cava. — Ficou na cama. É a primeira, perto
da casa de banho.
— E porquê esse Jaguar? — disse Arróspide. — Nós não damos
conta?
— Não — disse Cava. — Não é isso. Ele é diferente.
Não conseguiram batizar. Eu vi. Nem tiveram tempo. Foi para
o estádio comigo, ali atrás dos alojamentos. E ele ria na cara deles e dizia:
“Quer dizer que me vão batizar? Vamos ver, vamos ver.” Ria na cara deles, e
eram uns dez.
— E aí? — disse Arróspide.
— Eles olhavam meio espantados — disse Cava.
— E olha que eram uns dez. Mas só até nós chegarmos ao
estádio, aí vieram mais, uns vinte, até mais, um montão de cadetes do quarto
ano. E ele ria na cara deles: “Quer dizer que vão me batizar? Muito bem, muito
bem.”
— E aí? — disse Alberto.
— Eles perguntavam: “Então tu achas que és valente, hein, cão?”
E então, olha só, ele partiu para cima deles. E rindo. Sei lá quantos eram, dez
ou vinte ou mais ainda. E não o conseguiam segurar. Alguns tiraram os cintos e
chicoteavam de longe, mas não chegavam perto, juro. Estavam todos com medo,
juro pela Santa Virgem, e vi não sei quantos caindo no chão, segurando os bagos
ou com a cara amassada, imagina. E ele ria e gritava: “Quer dizer que me vão batizar?
Muito bem, muito bem.”
— E por quê isso de Jaguar?
— Não fui eu que inventei — disse Cava. — É ele que se chama
assim. Ele estava cercado, tinham-se esquecido de mim. Ameaçavam com os cintos
e ele começou a insultar todos, a mãe, toda a gente. E então um deles disse:
“Vamos chamar o Gambarina para cuidar desse animal.” E foram atrás de um cadete
grandalhão, com cara de bruto, disseram que ele puxa ferro.
— E trouxeram-no para quê? — perguntou Alberto.
— E por que o chamam de Jaguar? — insistiu Arróspide.
— Para lutar com ele — disse Cava. — Disseram-lhe: “Escuta,
cão, já que és tão valente, bate num do teu tamanho.” E ele respondeu: “Eu
chamo-me Jaguar. Cuidado com isso de me chamar cão.”
— Eles riram?
— Não — disse Cava. — Formaram uma roda. E ele sempre a rir.
Até no meio da luta, imagina.
— E depois? — perguntou Arróspide.
— Não luta muito — disse Cava. — Foi aí que eu vi por que o
chamam Jaguar. É muito ágil, uma barbaridade de ágil. Nem é muito forte, mas
parece gelatina, o Gambarina esbugalhava os olhos de puro desespero, não o conseguia
agarrar. E o outro batia com a cabeça e os pés, dava que dava, e nada de ele apanhar
porrada. Até que o Gambarina disse: “Basta de brincadeira, cansei-me”, mas toda
a gente viu que estava acabado.
— E aí? — disse Alberto.
— Foi só isso — disse Cava. — Largaram-no e começaram a
batizar-me.
— Vamos chamá-lo — disse Arróspide.
Estavam de cócoras e formavam um círculo. Alguns tinham
acendido um cigarro, que passavam de mão em mão. O recinto começou a encher-se
de fumo. Quando o Jaguar entrou na casa de banho, precedido por Cava, todos
compreenderam que este tinha mentido: o rosto e o queixo tinham sido golpeados,
o nariz largo de buldogue também. Plantou-se no meio do círculo e fitava-os por
trás das suas pestanas ruivas, com uns olhos estranhamente azuis e violentos. O
trejeito da boca era forçado, assim como a postura insolente e a lentidão
calculada com que os observava, um a um. Também era forçada a risada cáustica e
súbita que trovejou no recinto. Mas ninguém o interrompeu. Esperaram, imóveis,
que terminasse de examiná-los e de rir.
— Dizem que o batizado dura um mês — afirmou Cava.
— Não podemos aceitar que aconteça todos os dias o que
aconteceu hoje.
O Jaguar concordou.
— É verdade — disse. — Temos que nos defender. Vamo-nos
vingar do quarto ano, vão pagar caro pelas gracinhas. O principal é lembrar as
caras e, se der, a secção e os nomes. Temos que andar sempre em grupos. Vamo-nos
reunir à noite, depois do toque de recolher. E precisamos de um nome para o
grupo.
— Os Falcões? — insinuou alguém, timidamente.
— Não — disse o Jaguar. — Parece brincadeira. Vamos chamar
Círculo.
As aulas começaram na manhã seguinte. Nos intervalos, os do
quarto ano precipitavam-se sobre os cães e organizavam corridas de pato: a um
comando, dez ou quinze rapazes, formados em linha reta, as mãos nos quadris e
as pernas flexionadas, avançavam grasnando e imitando os movimentos de um
palmípede. Os derrotados levavam ângulos retos. Além de revistar e confiscar o
dinheiro e os cigarros dos cães, os do quarto ano preparavam aperitivos de
graxa de fuzil, azeite e sabão, e as vítimas tinham que bebê-los de um só gole,
segurando o copo com os dentes. O Círculo começou a funcionar dois dias após,
pouco depois do pequeno-almoço. Os três anos saíam do rancho num tumulto e espalhavam-se
como uma mancha sobre o descampado. De repente, uma nuvem de pedras passou
sobre as cabeças descobertas e um cadete do quarto ano caiu no chão aos berros.
Já em formação, viram que o ferido era levado para a enfermaria no ombro dos
companheiros. Na noite seguinte, uma sentinela do quarto ano que dormia no relvado
foi assaltada por sombras mascaradas: ao amanhecer, o corneteiro encontrou-o
nu, amarrado e com grandes equimoses no corpo transido de frio. Outros mais
foram apedrejados, sovados; o golpe mais audacioso, uma incursão na cozinha
para derramar sacos de excrementos nas panelas de sopa do quarto ano, mandou
muita gente com cólicas para a enfermaria. Exasperados pelas represálias anónimas,
os do quarto ano prosseguiam o batizado com mais sanha. O Círculo reunia-se
todas as noites, examinava os vários planos, o Jaguar escolhia um,
aperfeiçoava-o e dava instruções. O mês de reclusão forçada transcorria
rapidamente, no meio de uma exaltação sem limites. À tensão do batizado e das
ações do Círculo veio somar-se uma nova agitação: a primeira saída estava
perto, já tinham começado a fazer para eles os uniformes azul-anil. Todos os
dias, os oficiais davam uma hora de aulas sobre o comportamento de um cadete
uniformizado na rua.
— O uniforme — dizia Vallano, revolvendo com avidez os olhos
nas órbitas — atrai as pombinhas como se fosse mel.
“Nem foi tão grave quanto diziam, nem quanto me pareceu no
momento, sem contar o que aconteceu quando Gamboa entrou na casa de banho
depois do toque de recolher, nem se pode comparar esse mês aos outros domingos
de detenção, não mesmo.” Nesses domingos, o terceiro ano era dono do colégio.
Projetavam um filme ao meio-dia, e à tarde vinham as famílias: os cães
passeavam pela pista de desfile, pelo descampado, pelo estádio e pelos pátios,
rodeados de gente solícita. Uma semana antes da primeira saída, provaram os
uniformes de lona: calças cor de anil e túnica preta, com botões dourados;
quepe branco. O cabelo crescia lentamente sobre os crânios, bem como a vontade
de ir para a rua. Na secção, depois das reuniões do Círculo, os cadetes
contavam os seus planos para a primeira saída. “E como foi que soubeste, por
puro acaso ou foi um denunciante, e se o Huarina estivesse de serviço, ou o
tenente Cobos? Pois é, pelo menos não tão rápido, se ele não tivesse descoberto
o Círculo, a secção não teria desabado, não tão depressa, estaríamos no
bem-bom.” O Jaguar estava de pé e descrevia um cadete do quarto ano, um chefe
de turma. Os outros escutavam de cócoras, como de costume; as baganas passavam
de mão em mão. O fumo subia, chegava ao teto, descia até o chão e continuava
circulando como um monstro translúcido e cambiante. “Mas o que foi que ele fez,
Jaguar, também não precisamos carregar um morto nas costas”, dizia Vallano,
“vingança, tudo bem, mas aí já é demais”, dizia Urioste, “o que fede nesta
história é que ele pode acabar vesgo”, dizia Pallasta, “pediu, levou”, dizia o
Jaguar, “se ele se magoar, melhor”, e o que veio primeiro, a pancada, o grito?
O tenente Gamboa deve ter empurrado a porta com as duas mãos ou então abriu-a a
pontapés; mas os cadetes foram surpreendidos não com o barulho da porta nem com
o grito de Arróspide, mas pelo fumo estancado que fugia pela bocarra escura do
alojamento, quase tomada pelo tenente Gamboa, que segurava a porta com as duas
mãos. As baganas caíram no chão, em brasas. Estavam descalços e não se atreviam
a apagá-las. Todos olhavam para a frente e exageravam a atitude marcial. Gamboa
pisou nas pontas de cigarro. Em seguida, contou os cadetes.
— Trinta e dois — disse. — A secção completa. Quem é o chefe
de turma?
Arróspide deu um passo adiante.
— Explica esta brincadeira com todos os detalhes — disse
Gamboa, tranquilamente. — Do começo. E não esqueças nada.
Arróspide olhava de esguelha para os companheiros, e o
tenente Gamboa esperava, quieto como uma árvore. “E o modo como chorava? E
depois éramos todos seus filhos quando começamos a choramingar, e que vergonha,
meu tenente, nem imagina como nos batizaram, homem não se defende?, e que
vergonha, batiam, meu tenente, magoavam, insultavam a mãe, olhe o fundilho do
Montesinos de tanto ângulo reto que apanhou, meu tenente, e ele não passava
recibo, que vergonha, não dizia nada, que mais, factos concretos, sem
comentários, falem um por um, não façam barulho, não incomodem as outras secções,
e que vergonha para o regulamento, começou a recitar, devia expulsar toda a
gente, mas o Exército é tolerante e compreende que os cães ainda ignoram a vida
militar, o respeito ao superior e a camaradagem, e basta de brincadeira, sim,
meu tenente, e como é a primeira e a última vez não vou dar parte, sim, meu
tenente, vamos ver se ficam homenzinhos, sim, meu tenente, fiquem a saber que
basta uma reincidência e só paro no Conselho de Oficiais, sim, meu tenente, e
decorem o regulamento se quiserem sair no sábado que vem, e agora vão dormir,
sentinelas a postos, relatório em cinco minutos, sim, meu tenente.”
O Círculo não se voltou a reunir, embora mais tarde o Jaguar
pusesse o mesmo nome ao seu grupo. Nesse primeiro sábado de junho, os cadetes
da secção, espalhados ao longo da grade enferrujada, viram os cães das outras
seções, soberbos e arrogantes como uma torrente, precipitando-se pela avenida
Costanera, tingindo-a com os seus uniformes reluzentes, o branco imaculado dos
quepes e as malas lustrosas de couro; viram-nos aglomerando-se na parada
maltratada, o mar crepitante às costas, à espera do autocarro
Miraflores-Callao, ou avançando pelo meio da pista até à avenida de las
Palmeras, para apanhar a avenida Progreso (que corta os sítios e entra em Lima
por Breña ou, na direção oposta, continua baixando em curva suave e amplíssima
até chegar a Bellavista e Callao); viram-nos desaparecendo e, quando o asfalto
ficou novamente solitário e humedecido pela neblina, continuavam com os narizes
metidos no arame; em seguida, escutaram a corneta que chamava para o almoço e
foram caminhando devagar e em silêncio para os seus lugares, distanciando-se do
herói que havia contemplado com as pupilas cegas a explosão de júbilo dos
ausentes e a angústia dos detidos, que desapareciam entre os prédios cor de
chumbo.
Nessa tarde, quando saíam do rancho diante do olhar lânguido da vicunha, surgiu a primeira luta na seção. “Eu deixava, o Vallano deixava, o Cava, o Arróspide? Não, ninguém deixava, só mesmo ele, o Jaguar não é Deus, se ele respondesse, aí era tudo diferente, se aguentasse a situação ou pegasse num pau, numa pedra, aí era tudo diferente, até se corresse dali, mas tremer, homem, isso não se faz.” Ainda estavam na escadaria, amontoados, e de repente começou uma confusão e dois caíram na relva, dando pontapés. Os dois levantaram-se; trinta pares de olhos contemplavam-nos dos degraus, como se estivessem num palanque. Não chegaram a intervir, nem compreenderam logo o que aconteceu, porque o Jaguar se lançou como um felino atacado e bateu bem na cara do outro, sem aviso, e caiu em cima dele e continuou batendo na cabeça, na cara, nas costas; os cadetes observavam os dois punhos constantes e nem escutavam os gritos do outro, “desculpa, Jaguar, empurrei sem querer, juro que foi sem querer”. “Só não devia ter-se ajoelhado, isso não. E juntar as mãos, parecia a minha mãe nas novenas, um ajudante de missa a receber a primeira comunhão, parecia que o Jaguar era o bispo e o outro estava a confessar-se, lembro-me muito bem”, dizia Rospigliosi, “e fico de pelo em pé, homem.” O Jaguar estava em pé, olhava com desprezo para o rapaz ajoelhado e ainda estava com a mão levantada, como se fosse bater de novo no rosto lívido do outro. Os demais nem se mexiam. “Tu dás-me nojo”, disse o Jaguar. “Não tens dignidade nem nada. És um escravo.”
quarta-feira, 16 de abril de 2025
Mãe Leitora do Jardim de Infância
