quinta-feira, 30 de abril de 2020

Eu, confinada (I)

     Eu penso que, se alguém dissesse há uns meses que iríamos estar em constante medo pela nossa saúde e sem poder sair de casa, diriam que essa pessoa estava maluca. A verdade é que estamos a viver uma situação inédita: uma guerra fria, chamada COVID-19.
     Muitas especulações vêm deste assunto. Será que foi mesmo uma pessoa a comer um morcego naqueles mercados "esquisitos" da China? E se já o comeu há tanto tempo, porquê agora? Ou será uma tentativa da China para derrubar todos os seus grandes concorrentes, tornado-se o país com a melhor economia do Mundo, que agora vai "salvar" todas as outras? De uma maneira ou de outra, mudou a vida de toda a gente, talvez para sempre. A minha, pelo menos, mudou e muito. Tenho a certeza de que muita gente estava a contar que 2020 fosse um ano memorável, seja pelo seu último ano no liceu e baile de finalistas, seja pelo último ano da universidade antes de entrar no mundo real, um lançamento que iria mudar a sua vida, enfim, uma série de acontecimentos que estávamos ansiosos para viver, e ,de repente, tudo isso não passa de um sonho. Coisas que dávamos como garantidas - como conviver com os nossos amigos numa esplanada de um café, almoços de família, festivais - não se vão poder realizar por um período indefinido. E, subitamente, toda a gente tem de ficar em casa, porque há um vírus, sem cura, que ameaça a nossa espécie.
     Deste modo, começamos a pensar que não somos assim tão invencíveis e poderosos quanto pensávamos. Há uma coisa muito mais poderosa, chamada Natureza. Se não tivéssemos a inteligências e a tecnologia que temos atualmente, era com este tipo de doenças que a nossa espécie era extinta, ficando o planeta Terra "curado" do mal que lhe estamos a fazer constantemente. A verdade é que, só com um terço da população em quarentena, se veem mudanças bastante significativas: já se consegue ver o fundo do rio em Veneza, a poluição atmosférica baixou bastante nos grandes países, os moradores do norte da Índia puderam ver parte dos Himalaias pela primeira vez, o que já não acontecia desde a Segunda Guerra Mundial. Esta é uma parte positiva, embora, se não mudarmos a nossa forma de viver, tudo voltará ao normal.
     Por outro lado, este vírus afetou severamente a economia: muitas pessoas ficaram desempregadas e muitas empresas têm de se reinventar. As pessoas tornaram-se mais unidas e mais solidárias e começaram a aprender a abrandar o ritmo da sua vida. Ficando em casa, comecei a adotar novos hobbys, a conviver e criar memórias com os meus pais e a minha irmã e, no fundo, a dedicar mais tempo a conhecer-me realmente, marcando os meus objetivos de vida e organizando-a.
     Não é fácil não perder a esperança e a paciência, mas temos de ser mais fortes que isso. Também não é fácil o estudo à distância, uma coisa que nunca antes tinha acontecido, e agora temos de nos adaptar a ele, criando novas estratégias.
     Temos de lidar com esta pandemia de uma forma positiva. Sim, temos de ficar em casa, mas façam tudo aquilo que antes não tinham tempo para fazer. Inventem-se. Descubram-se. Dediquem-se. Adaptem-se. Estudem. E lembrem-se que não é uma luta individual, estamos todos no mesmo barco e cada um tem de fazer a sua parte e, quando sair a vacina, seremos uma sociedade melhor, mais culta e mais solidária, dando valor ao que é mais importante: a vida.

Ana Marta Teixeira, 12.º A/B