No bairro de Alfama os elétricos amarelos cantavam nas calçadas íngremes.
Havia lá duas cadeias. Uma delas era para os ladrões.
Eles acenavam através das grades.
Gritavam que lhes tirassem o retrato.
"Mas aqui", disse o condutor e riu à socapa como se cortado ao meio,
"aqui estão os políticos". Eu vi a fachada, a fachada, a fachada
e lá no cimo um homem à janela
tinha um óculo e olhava para o mar.
Roupa branca no azul. Os muros quentes
As moscas liam cartas microscópicas.
Seis anos mais tarde, perguntei a uma dama de Lisboa:
"Será verdade ou só um sonho meu?"
21 Poetas Suecos, Vega, 1981
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