domingo, 1 de maio de 2011

Auto-retrato português (Miguel Torga)

Nesga humana de um grande mapa humano,
Aqui, a ocidente e ao sol, dormito;
O manto do infinito
Veste-me a pequenez;
E o mar cerúleo, aberto à milha ilharga,
Alarga
O meu nirvana azul de português.

Rei que renunciou, cansado,
Ao ceptro da aflição,
Digo não,
Digo sim,
Com igual abandono...
Tão distante de mim
Como do trono...

Vivi antes da hora o que vivi.
E, agora, vegeto,
Feliz de nada ser,
De nada desejar,
E de nada sentir,
Agradecido ao mar de nunca me acordar,
E agradecido ao céu de sempre me cobrir.

                                        Miguel Torga

3 comentários:

  1. Neste auto retrato na minha opinião, miguel torga vê o passado daquilo que foi, vê aquilo que viveu, e agora está esbatido e cansado.

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  2. Concordo com o que o Rafael disse e gostaria de acrescentar que Miguel Torga está feliz das decisões que tomou no passado.

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  3. Eu também concordo com a opinião dos meus colegas, neste auto retrato Miguel Torrga espelha as suas vivências passadas. talvez ele também modificasse essas vivências se pudesse voltar atrás e todo e que tivesse passado seria diferente.

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