quarta-feira, 25 de março de 2015

Calou-se um poeta: Herberto Helder


     O poeta Herberto Helder faleceu na passada segunda-feira na sua casa de Cascais, aos 84 anos.
     Considerado por vários autores o poeta mais importante da segunda metade do século XX, à semelhança de Fernando Pessoa na primeira, Herberto Helder criou uma obra notável, uma espécie de «poema contínuo constantemente reescrito», que culminou com a publicação de A Morte sem Mestre, em 2014.
     O escritor nasceu a 23 de novembro de 1930 no Funchal e publicou os seus primeiros poemas precisamente em antologias madeirenses - Arquipélago (1952) e Poemas Bestiais (1954) - e na revista "Búzio". Já a sua obra de estreia, O Amor em Visita, datada de 1958, foi editada pela Contraponto, numa época em que o poeta fazia parte do grupo surrealista lisboeta que tinha como figuras principais Mário Cesariny e Luís Pacheco.
     Frequentou entretanto a Universidade de Coimbra - primeiro a faculdade de Direito e depois o curso de Filologia RoMãnica -, mas não concluiu a sua frequência. Nessa fase da vida, teve vários empregos (uma «tradição» que manteve ao longo de grande parte da existência), desde a Caixa Geral de Depósitos até ao Serviço Meteorológico, passando pelas áreas da publicidade e da propaganda médica.
     Em 1961, publicou a obra que o consagrou enquanto poeta: A Colher na Boca. Seguiram-se-lhe muitas outras, como Vocação Animal (1971), Cobra (1977), O Corpo o Luxo a Obra (1978), A Cabeça entre as Mãos (1982), A Última Ciência (1988), Do Mundo (1994), A Faca não Corta o Fogo (2008) ou Servidões (2013), bem como os intervalos de tempo de eclipse.
     Avesso a aparições públicas, a fotografias e a entrevistas, recusou, em 1994, a atribuição do Prémio Pessoa, pedindo que o dessem a outro.

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