a vida
inteira para fundar um poema,
a
pulso,
um só,
arterial, com abrasadura,
que ao
dizê-lo os dentes firam a língua,
que o
idioma se fira na boca inábil que o diga,
só
quase pressentimento fonético,
filológico,
mas que
atenção, paixão, alumiação,
¿e se
me tocam a boca?
de
noite, a mexer na seda para, desdobrando-se,
a noite
extraterrestre bruxulear um pouco,
o
último,
assim
como que húmido, animal, intuitivo, de origem,
papel
de seda que a rútila força lírica rompa,
um
arrepio dentro dele,
batido,
pode ser, no sombrio, como se a vara enflorasse com as faúlhas,
e assim
a mão escrita se depura,
e se
movem, estria atrás de estria, pontos voltaicos,
manchas
ultravioletas a arder através do filme,
leve
poema técnico e trémulo,
a vida
inteira para fundar um poema,
a pulso,
um só,
arterial, com abrasadura,
que ao
dizê-lo os dentes firam a língua,
que o idioma
se fira na boca inábil que o diga,
só quase
pressentimento fonético,
filológico,
mas que
atenção, paixão, alumiação,
¿e se me
tocam a boca?
de noite, a
mexer na seda para, desdobrando-se,
a noite
extraterrestre bruxulear um pouco,
o último,
assim como
que húmido, animal, intuitivo, de origem,
papel de seda
que a rútila força lírica rompa,
um arrepio
dentro dele,
batido, pode
ser, no sombrio, como se a vara enflorasse com as faúlhas,
e assim a mão
escrita se depura,
e se movem,
estria atrás de estria, pontos voltaicos,
manchas
ultravioletas a arder através do filme,
leve poema
técnico e trémulo,
linhas e
linhas,
línguas,
obra-prima do
êxtase das línguas,
tudo movido
virgem,
e eu que
tenho a meu cargo delicadeza e inebriamento
¿tenho acaso
no nome o inominável?
mão batida,
curta, sem estudo, maravilhada apenas,
nada a ver
com luminotecnia prática ou teórica,
mas com
grandes mãos, e eu brilhei,
o meu nome
brilhou entrando na fase inconsútil,
e depois o
ar, e os objectos que ocorrem: onde?
fora? dentro?
no aparte,
no mais
vidrado,
no avêsso,
no sistema
demoroso do bicho interrompido na seda,
fibra lavrada
sangrando,
uma qualquer
arte intrépida por uma espécie de pilha eléctrica
como alma:
plenitude,
através de um
truque:
os dedos com
uma, suponhamos, estrela que se entorna sobre a mesa,
poema
trabalhado a energia alternativa,
a fervor e
ofício,
enquanto a
morte come onde me pode a vida toda
[in Ofício
Cantante, Assírio & Alvim, 2008]
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